Este Sacramento que nos prepara para a morte se chama Unção dos Enfermos.
Origem Etimológica
A palavra unção vem do Latim unctio, e significa ato ou efeito de ungir, de aplicar óleo consagrado numa pessoa.
Enfermo vem também do Latim infirmus - 'fraco, débil, adoentado”.
O Sacramento da Unção dos Enfermos – sua instituição
A Instituição do Sacramento da Unção dos Enfermos
O Sacramento da Unção dos Enfermos foi instituído, por Cristo, quando enviando os discípulos dois a dois (conforme descrito em Marcos 6, 7-13), para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (cura). Em Marcos 6,13 está explicito: “Expulsavam demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo”.
Tiago na sua Epístola Católica (Tg 5,14-15) exorta, que no caso de doença, a comunidade intervenha através dos responsáveis, ali chamados de presbíteros. A unção do doente com óleo, juntamente com a invocação do poder do Senhor, assegura para o doente a salvação, isto é, o bem-estar físico (recuperação) e espiritual (o perdão dos pecados)
O Sacramento da Unção dos Enfermos – o por quê de sua instituição
Do mesmo modo que na doença e em perigo de morte precisamos de um fortalecimento especial para o corpo, precisamos igualmente fortalecer a alma, deixando-a pronta para essa passagem terrível que é a morte, quando estaremos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo para sermos julgados dos nossos atos.
Para nos ajudar a ir para o Céu, nesse momento da doença grave, Jesus Cristo, o amigo dos doentes, vem-nos em auxílio e institui o Sacramento da Unção dos Enfermos. Sabe-se que Jesus instituiu o Sacramento da Unção dos Enfermos, pelo que está escrito na Epístola de São Tiago, Apóstolo: “Alguém dentre vós está enfermo? Mande chamar os Presbíteros (Padres) da Igreja e orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará e os pecados que tiver cometido ser-lhes-ão perdoados” (S. Tiago, 14).
Esta carta de São Tiago nos mostra que os Apóstolos já administravam o Sacramento da Extrema-Unção, ou seja, eles só podem ter aprendido isso do próprio Jesus Cristo.
Todo católico que, por doença, acidente ou velhice avançada, estiver em perigo de morte, deve receber a Extrema-Unção. Mesmo as crianças com doenças graves e em perigo de morte podem recebê-la, desde que já tenham alcançado a idade da razão.
Normalmente, devemos receber a Extrema-Unção já tendo recebido a absolvição dos pecados. Ao menos devemos ter o arrependimento de todos os nossos pecados. Ajudado pelo Padre, o doente se encherá de confiança ao pensar que Jesus Cristo, o vencedor da doença e da morte, lhe traz auxílio e faz com que sua doença lhe sirva para sua salvação e a salvação de muitos outros. A Extrema-Unção deve ser dada a tempo para que o doente receba o Sacramento ainda plenamente consciente, para que possa acompanhar as orações do Padre e dos familiares.
Sabemos que os Sacramentos que imprimem caráter (Batismo, Crisma e Ordem) nunca podem ser recebidos mais de uma vez. A Unção dos Enfermos não imprime caráter. Ela perde seu efeito sacramental quando a doença desaparece e o doente se recupera. Se, depois disso, essa pessoa voltar a ficar doente, com perigo de morte, ela poderá receber novamente a Unção dos enfermos. Mas, enquanto durar a doença, o Sacramento, já recebido uma vez, se mantém na alma e faz daquela pessoa uma alma consagrada a Deus, para que Ele tenha por ela um cuidado todo especial. Por isso, não se deve receber mais de uma vez a Unção dos enfermos durante a mesma doença. Uma só vez basta para que os efeitos atuem durante todo o tempo que durar aquela doença.
Condições para alguém receber a Unção
1) Que seja uma pessoa batizada;
2) Que tenha atingido o uso da razão (tenha ao menos sete anos de idade). A unção de dementes, somente seja ministrada, se manifestarem a capacidade de raciocinar e querer livremente. Em caso de dúvida, administra-se o sacramento (can. 1005);
3) Que possua a devida intenção, ao menos implicitamente e inclua a vontade de viver de acordo com os princípios cristãos, ou em iminente perigo, que o solicite;
4) Que comece a estar em perigo de morte por doença ou por velhice. Embora o sacramento não é para moribundos, se aconselha essa praxe. Também pode ser ministrado antes de uma operação cirúrgica de risco;
5) Que não persevere em pecado grave ou manifesto (can. 1007). Isso é somente para a liceidade. Não é prudente instigar a pessoa ao arrependimento de seus pecados, sobretudo quando está prestes a passar para a outra vida.
A Unção dos enfermos pode reiterada, sempre o doente, uma vez convalescido, recaia na enfermidade grave ou se a enfermidade for permanente. Pastoralmente, se recomenda a repetição desse sacramento, que funciona como elixir para aliviar as tensões do enfermo.
Por outro lado, se recomenda que a Unção seja unida aos outros sacramentos, na seguinte seqüência: 1) Penitência; 2) Unção; 3) Eucaristia.
A celebração pode ser comunitária ou individual, de acordo com as circunstâncias. A celebração comunitária da Unção dos enfermos serve de incentivo e encorajamento aos que se encontram no martírio de uma doença, para que sejam fortalecidos e elevem a sua auto-estima dentro da comunidade.
Como deve ser administrada a Unção dos Enfermos
O Sacerdote unge o doente com o óleo dos enfermos que é a matéria do Sacramento da Unção dos Enfermos. Esta unção deve ser feita seis vezes: nos olhos, nas narinas, nos ouvidos, na boca, nas mãos e nos pés. Para cada unção o Padre repete a forma do Sacramento da Unção dos Enfermos. Temos então:
A. Matéria: o óleo dos enfermos - é um dos óleos consagrados pelo Bispo na Quinta-feira Santa, na Missa Crismal (assim chamada por causa da benção dos óleos). Deve ser obrigatoriamente de oliveira, ou seja, azeite doce.
B. Forma: Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pela ... vista (ouvido, olfato, gosto e palavras, tato, passos).
A Graça Sacramental da Unção dos Enfermos
A parte visível do Sacramento, a matéria e a forma, significam a parte invisível, que é a graça sacramental. Antigamente, usava-se muito o azeite para curar as doenças. Por isso a Igreja usa o óleo dos enfermos para fazer um gesto que se faz para passar o azeite nas feridas.
O Padre unge, ou seja, passa o óleo no corpo do doente, e esses gestos, junto com as palavras da forma sacramental, realizam aquilo que eles significam: não a cura do corpo, mas a cura da alma.
A alma que recebeu a Unção dos enfermos tem seus pecados perdoados e está fortalecida para enfrentar a morte. Além disso, se Deus achar que ela não deve morrer, o Sacramento ajudará também na cura da doença e a pessoa ficará boa.
Efeitos da Unção dos Enfermos
I. Aumenta a graça santificante restabelecida pela Confissão;
II. Perdoa os pecados que não puderam ser confessados (se houver contrição);
III. Destrói as penas temporais devidas aos pecados já perdoados (se houver disposição para isso);
IV. Traz saúde para o corpo, se isso for bom para a alma.
RESUMO
- Quando temos alguém na família com uma doença muito grave, perto da morte, devemos rezar para que ela queira chamar o Padre, para que faça uma boa Confissão e receba a Unção dos enfermos.
- Não devemos ter medo de ver um Padre entrar na casa de um doente, ao contrário. Ele não traz a morte, como muitos pensam, mas a vida, que é a presença de Jesus na alma do doente.
- Com a graça de Deus no coração, o doente recupera as forças da alma, passa a rezar, a se preparar para ir para o Céu.
- É verdade que a morte é muito triste, mas também é verdade que pela morte vamos para o Céu, para ver a Deus na felicidade eterna.
- Catecismo da Igreja Católica (CIC) 1420
- Catecismo da Igreja Católica (CIC) 1421
0 comentários :
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.