Não obstante as previsões de chuva e as nuvens que subsistiam, a praça
de São Pedro apresentou-se nesta manhã de Páscoa iluminada por um
tímido sol primaveril, invadida por uma multidão de peregrinos de
muitas partes do mundo, que participaram na Missa da Ressurreição
presidida pelo Papa culminando, ao meio-dia (hora de Roma) com a
mensagem "Urbi et Orbi" (à Cidade de Roma e a todo o mundo) e saudações
pascais em variadas línguas. Ponto de partida para a mensagem pascal
deste ano foi uma bela expressão da sequência pascal, atribuída a Maria
Madalena: “”Ressuscitou Cristo, minha esperança”… “Hoje também nós,
depois de termos atravessado o deserto da Quaresma e os dias dolorosos
da Paixão, damos largas ao brado de vitória: «Ressuscitou! Ressuscitou
verdadeiramente!» Todo o cristão revive a experiência de Maria de
Magdala. É um encontro que muda a vida: o encontro com um Homem único,
que nos faz sentir toda a bondade e a verdade de Deus, que nos liberta
do mal, não de modo superficial e passageiro mas liberta-nos
radicalmente, cura-nos completamente e restitui-nos a nossa dignidade.
Eis o motivo por que Madalena chama Jesus «minha esperança»: porque foi
Ele que a fez renascer, que lhe deu um futuro novo, uma vida boa,
liberta do mal. «Cristo minha esperança» significa que todo o meu
desejo de bem encontra n’Ele uma possibilidade de realização: com Ele,
posso esperar que a minha vida se torne boa e seja plena, eterna,
porque é o próprio Deus que Se aproximou até ao ponto de entrar na
nossa humanidade. “Entretanto Maria de Magdala, tal como os outros
discípulos, teve de ver Jesus rejeitado pelos chefes do povo, preso,
flagelado, condenado à morte e crucificado. Deve ter sido insuportável
ver a Bondade em pessoa sujeita à maldade humana, a Verdade escarnecida
pela mentira, a Misericórdia injuriada pela vingança – observou o Papa.
Com a morte de Jesus, parecia falir a esperança de quantos confiavam
n’Ele. Mas esta fé nunca desfalece de todo: sobretudo no coração da
Virgem Maria, a mãe de Jesus, a pequena chama continuou acesa e viva
mesmo na escuridão da noite… “A esperança, neste mundo, não pode deixar
de contar com a dureza do mal. Não é apenas o muro da morte a criar-lhe
dificuldade, mas também e mais ainda as aguilhoadas da inveja e do
orgulho, da mentira e da violência. Jesus passou através desta trama
mortal, para nos abrir a passagem para o Reino da vida. Houve um
momento em que Jesus aparecia derrotado: as trevas invadiram a terra, o
silêncio de Deus era total, a esperança parecia reduzida a uma palavra
vã. Mas eis que, ao alvorecer do dia depois do sábado, encontram vazio
o sepulcro… A fé renasce mais viva e mais forte do que nunca, e já
invencível porque fundada sobre uma experiência decisiva… Os sinais da
ressurreição atestam a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o
ódio, da misericórdia sobre a vingança”. Como sempre na mensagem pascal
“Urbi et Orbi”, o Santo Padre evocou alguns países ou zonas do mundo
onde mais se sofre devido a tensões e conflitos, fazendo votos de paz e
reconciliação. Começando pelo Médio Oriente, com especial referência à
Síria, ao Iraque e à Terra Santa: “Cristo Ressuscitado dê esperança ao
Médio Oriente, para que todas as componentes étnicas, culturais e
religiosas daquela Região colaborem para o bem comum e o respeito dos
direitos humanos. De forma particular cesse, na Síria, o derramamento
de sangue e adopte-se, sem demora, o caminho do respeito, do diálogo e
da reconciliação, como é vivo desejo também da comunidade
internacional. “Os numerosos prófugos, originários de lá e necessitados
de assistência humanitária, possam encontrar o acolhimento e a
solidariedade que mitiguem as suas penosas tribulações. Que a vitória
pascal encoraje o povo iraquiano a não poupar esforços para avançar no
caminho da estabilidade e do progresso. Na Terra Santa, israelitas e
palestinos retomem, com coragem, o processo de paz.” Do Médio Oriente à
África: que, “vitorioso sobre o mal e sobre a morte (prosseguiu o
Papa), o Senhor sustente as comunidades cristãs do Continente Africano,
conceda-lhes esperança para enfrentarem as dificuldades e torne-as
obreiras de paz e artífices do progresso das sociedades a que
pertencem”. Bento XVI precisou mesmo algumas nações e zonas mais
abaladas: nomeadamente do Corno de África ao Sudão e do Sudão do Sul ao
Mali e à Nigéria: “Jesus Ressuscitado conforte as populações
atribuladas do Corno de África e favoreça a sua reconciliação; ajude a
Região dos Grandes Lagos, o Sudão e o Sudão do Sul, concedendo aos
respectivos habitantes a força do perdão. “Ao Mali, que atravessa um
delicado momento político, Cristo Glorioso conceda paz e estabilidade.
À Nigéria, que, nestes últimos tempos, foi palco de sangrentos ataques
terroristas, a alegria pascal infunda as energias necessárias para
retomar a construção duma sociedade pacífica e respeitadora da
liberdade religiosa dos seus cidadãos. Boa Páscoa para todos! Antes da
bênção final, o Santo Padre exprimiu votos de boas festas pascais em
variadas línguas. Aos “homens e mulheres de Roma e da Itália”, Bento
XVI pediu-lhes para conservarem “no coração a irradiação de paz e
alegria proveniente da Ressurreição de Cristo que dá força e
significado a todas as expectativas e a todos os projetos de bem”. Aos
fiéis de língua francesa o Papa fez votos de que o mistério da Páscoa
“seja manancial de felicidade e de paz profunda”. Em espanhol, Bento
XVI desejou a todos “feliz festa de Páscoa, com a paz e a alegria, a
esperança e o amor de Jesus Ressuscitado”. Esta a saudação na nossa
língua: “Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado.” Radio Vaticano
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