Já há algum tempo queria escrever sobre este assunto – a apologia da pedofilia estampada nas músicas de funk.
Só agora arranjei tempo para fazer um artigo em cima deste tema, e já
aproveito para manifestar o desejo de analisar também outras letras de
música, não só as de funk.
A modernidade conseguiu produzir um verdadeiro “lixo musical”, trazendo
composições asquerosas, que beiram a irracionalidade. O próprio ritmo
das canções é organizado a fim de permitir a licenciosidade, a
“baixaria”, a promiscuidade.
Escrevi, há alguns dias, um texto comentando as profecias do Papa Paulo VI sobre
as consequências que experimentaria o Ocidente ao aceitar a mentalidade
contraceptiva. Deixe-me retomar trecho da declaração do Santo Padre, a
fim de orientar melhor esta reflexão. Ele fala, por exemplo, de
“infidelidade conjugal” e “degradação da moralidade”; prevê a
interferência do Estado em questões éticas que deveriam ser resolvidas
pelo núcleo familiar; e, por fim – e este é o ponto principal a ser
tratado neste texto -, alerta para o perigo de que se “acabe por perder o respeito pela mulher”. Destaco:
“É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada.”- Humanae Vitae, n. 17
Normalmente, quando o Papa se manifesta, as pessoas agem com
indiferença, não dão muita credibilidade ao que é dito. Os homens
fazem-se “senhores de si mesmos” e tendem a interpretar qualquer
expressão que lhes contrarie como mentira, exagero ou algo do tipo. Mas,
eis que as profecias de Montini se cumpriram… Mais uma vez, o velho
senhor de batina branca está certo. O “respeito pela mulher” foi
totalmente perdido. São raríssimas as letras compostas nos últimos anos
que apelam para a valorização da personagem feminina, de sua beleza, de
seu charme e de outras de suas qualidades. Nas canções hodiernas, a
mulher fica reduzida a um “simples instrumento de prazer egoísta”.
Isto pode ser facilmente notado de modo especial nas letras das músicas
do que hoje se chama de “sertanejo universitário” – que muitas vezes se
manifesta como uma “vulgarização” da autêntica música sertaneja – e
também nas letras do ritmo funk. E é sobre esta última música que falaremos, especificamente.
Ultimamente, as letras deste ritmo estão usando muito o termo “novinha”. Procuro o termo no Letras.com.br e encontro até bandas (!) com a expressão em seus nomes. Afinal, quem são estas “novinhas” do funk? Partamos à análise de algumas letras, a fim de descobrirmos quem são estas
personagens. A primeira música é “Novinha, vê se me escuta”, cantada por Mc Deeh.
personagens. A primeira música é “Novinha, vê se me escuta”, cantada por Mc Deeh.
“Aos 15 anos de idade a novinha saía a curtir baile funk,
fexava com Mc Deeh ,Quando nóis chegamo no baile as novinha já tudo se assanha,
no baile funk bombando, o Deeh, os muleque piranha…”
A primeira letra já enuncia de que faixa etária estamos falando. “Novinha” diz respeito à idade da mulher.
Neste caso, quem dança com sensualidade é a menina de “15 anos de
idade”. Mas não fica só nisso porque, no decorrer do baile, os funkeiros partem pra cima da garota e têm relações sexuais com ela (“nóis leva as novinha pro canto, dá uma letrinha, que ela se entrega”).
A segunda letra que analisamos é “14 e 37” –
outra menção à idade das mulheres -, na qual Mc Dido e Digão discutem
qual a melhor escolha: se são as garotas mais jovens – isto é, as
“novinhas” – ou as mulheres mais velhas – que na música são chamadas carinhosamente de
“velha[s] de bunda fraca”. Abaixo, o trecho no qual Mc Dido defende o
uso das “novinhas” para a obtenção de seu prazer sexual.
“Mas escuta mano Digão, você tá de palhaçada
Tá trocando as novinha pras velha de bunda fraca
Sem neurose eu dou-lhe o papo, sou Dido, canto e não minto
Não esqueça das novinha, esquece as velhas de peito caído
Olha eu vou te dar o papo, Digão, vê se me escuta, vê se larga
Essas velhas, velha da [CENSURADO] murcha, mas eu vou te dar o papo
Tranquilão não faço pose, que se dane as de 37 eu prefiro as de 14…”
A faixa etária destas meninas é de 14 anos! Considerando a idade daqueles que mantêm relações sexuais com elas, configura-se, aqui, crime de pedofilia. Mas, afinal, para que respeitar a Lei? Em outra letra, de Mc Kelvin, de nome“Novinha safada”, o indivíduo comemora a revogação do art. 214 do Código Penal, que era, como informou o Jefferson Nóbrega,
“o artigo que caracterizava o atentado violento ao pudor”. Nessa
música, o moleque se mostra aberto ao relacionamento com “novinhas” de
outras idades, além das já expostas (“17, 16, vem de 15 e 14, não posso
me esquecer das de 13 e as de 12…”).
Está clara a defesa que estes homens do funk fazem
da pedofilia, mostrando a que ponto chegou a “degradação da moralidade”
no nosso século. Ao lado deste uso da mulher como objeto sexual, ao
lado deste desrespeito à sua dignidade, caminha a própria violência.
Para encerrar este post, trago aqui trecho da letra “Novinha”, de Mc Martinho. Mais que sexo, o que este último quer mesmo é matar com violência a garota que dança.
“Eu vim te falar do meu proceder
Descubra você todo meu sentimento
Mais se debochar, vô logo avisar
Que duas pistola é meu fundamento
É melhor não faltar com respeito
Sujar o meu nome perante a favela
Que eu te deixo esticada no chão
Dou tiro na sua mão e quebro suas pernas
Eu vou te levar pro microondas, mas antes eu rasgo
Seu corpo na bala
Pra família te reconhecer, só mesmo no exame da arcada dentária.”
Essas letras criminosas tocam em bailes funk e
as pessoas dançam e cantam como se nada de mais estivesse acontecendo,
como se fosse apenas uma canção ou um ritmo que as pessoas “curtem”. O
fato é que composições como as vistas acima não podem ser encaradas nem
como legítimas manifestações culturais, posto que uma cultura que
degrada e rebaixa a mulher à vileza, à violenta submissão e à condição
de objeto, uma cultura que exalta a pedofilia e a pornografia infantil,
uma cultura que perdeu a própria noção de decência, é dotada de um
permissivismo que coloca em xeque os próprios fundamentos da nossa
Civilização. Quantas crianças não são cruelmente jogadas neste “lixo”
que é produzido todos os dias ao redor deste Brasil? Quantos pais não
ensinam seus filhos a ouvirem e dançarem estas aberrações, formando para
o futuro “novinhas” prontas para ser assediadas por esses sujeitos
indecentes?
Pior do que não crer no inferno é fazer, já da vida neste mundo, um
verdadeiro inferno para as famílias e para a toda a sociedade. E é esta a
contribuição do funk para o nosso tempo.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Salve Maria Santíssima!
* * *
Esta postagem foi escrita com o apoio indispensável do artigo Quem são “as novinhas” do funk? A apologia à pedofilia e a erotização precoce, do blog O Candango Conservador.
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